Prefeitura parou de cadastrar os carroceiros de Santa Maria

Foto: Renan Mattos (Diário)
Adair Cardoso, 67 anos, conta com o apoio do seu animal para ajudar no sustento da família: Ninguém me procurou para cadastro

As ações para melhorar a situação dos carroceiros de Santa Maria tiveram um novo revés. A triagem que começou a ser feita pela Central de Bem-Estar Animal, com o apoio do Centro de Reabilitação Equina da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), precisou parar de ser feita por falta de equipe, por ser um trabalho demorado e por apresentar pouco êxito.

A comissão especial para tratar de assuntos de veículos de tração animal, criada em março de 2017 na Câmara de Vereadores, durou quatro meses. Após o término, a presidente da Comissão, Maria Aparecida Brizola (PP), diz que foi criada a Comissão Especial de Resíduos Sólidos. O grupo está buscando alternativas à atividade. Após uma audiência pública, os relatórios serão enviados ao Executivo. Ainda não há data para isso.

- A ideia é implantar o Plano de Resíduos Sólidos, mas, para isso, tem que ter uma estrutura bem formada. Pela lei, as associações precisam ser legalizadas para que elas recebam os resíduos sólidos de uma coleta seletiva que a prefeitura tem quem implantar. O resíduo é uma fonte de renda muita de grande para muitas pessoas, e nós temos que proteger as associações - afirma.

A problemática dos carroceiros impacta em uma série de situações que afetam a rotina dos próprios trabalhadores e da população. São questões como mobilidade urbana, saúde pública, trabalho infantil, maus-tratos a animais e informalidade, assuntos que o Diário vem mostrando desde 2017.

O médico veterinário da prefeitura, Alexandre Caetano, comenta que dois projetos estão na Secretaria de Meio Ambiente para a aprovação. Um deles é para a microchipagem dos animais e, outro, propõe a troca de um conjunto de carroça e cavalo por uma bicicleta coletora.

- Assim a gente não prejudica o trabalho de ninguém - diz.

Conforme Caetano, não era mais possível fazer o cadastro no papel. Com a implantação de chipes nos equinos, será possível saber o histórico dod animais.

ANIMAIS SOLTOS

De 2013 até agora, cerca de 402 cavalos foram recolhidos das ruas e rodovias da cidade. Hoje, o número de carroceiros varia de 1,5 mil a 2 mil.

Mesmo assim, pelas ruas ainda é possível ver muitas pessoas que sobrevivem da atividade. É o caso de Adair Cardoso, 67 anos. Sobre a triagem dos carroceiros, que era feita pela prefeitura, ele conta que nunca foi procurado.

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- Só com a aposentadoria eu não consigo sustentar a família. Eu não fui procurado por ninguém para fazer um cadastro. Acho que seria o mais correto para todos nós termos um espaço adequado - desabafa Adair.

O CENÁRIO

Estudo de 2017 indicou que a cidade tinha 3 mil carroceiros e 2 mil equinos. Segundo a prefeitura, atualmente haveria 1,5 mil a 2 mil carroceiros. Entre os motivos dessa redução, estaria o recolhimento de 402 animais desde 2013. Confira o panorama da atividade em Santa Maria:

Carroceiros cadastrados - 34
Cavalos cadastrados - 250
Geração de renda/cooperativas para carroceiros - Não avançou
Castra-móvel - Não há
Encontros de carroceiros nas comunidades - Não avançaram
Coleta seletiva - Implantação tem de esperar, pelo menos, até setembro deste ano. Antes, não serão permitidos aditamentos contratuais

No caso de cavalos soltos nas ruas e rodovias, quem avisar:

Rodovias federais - Polícia Rodoviária Federal - Fone 191
Rodovias estaduais - Batalhão Rodoviário da Brigada Militar - Fone 198
Na cidade - Departamento Municipal de Trânsito - Fone (55) 3921-7271 e Central de Bem-Estar Animal - Fone (55) 3921-7150

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